O que é ser um bom profissional?

Olhando para trás, percebo que eu sempre tive a mesma ideia de um bom profissional que de uma pessoa de bem. Não somente porque o bom profissional encara o ambiente de trabalho e aqueles que o rodeiam com boa vontade e procura encontrar a melhor forma de agir em relação ao que realiza. Mas principalmente porque sempre me enxerguei como suficiente para ser uma boa profissional no que quer que fosse o meu trabalho, pois acredito nas minhas capacidades como pessoa de bem, que procura a excelência e escolhe agregar valor mais do que acumular certificações e canudos.

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Imagem: pexels.com

Com o passar do tempo e pelos vários profissionais que cruzaram meu caminho, fui percebendo que alguns mundos eram cruéis demais para a minha natureza. Será que eu não estava equipada para ser uma profissional requisitada ou ainda não estava preparada para encarar um desafio comum para tantos, como entrar no mundo corporativo? Muitas destas questões pairavam sobre a minha cabeça no momento em que decidi seguir uma carreira profissional no meio artístico. Para alguém que só conhecia o mundo da moda como universo de trabalho, me sentia um pouco assustada com rotinas, códigos e exigências corporativas e tudo o que pudesse envolver muito comprometimento e pouca troca entre mim e outras pessoas.

Uma carreira em cinema parecia oferecer tudo aquilo que sempre sonhei em viver – fosse no mundo profissional ou em minha vida pessoal. Arte, subjetividade, histórias e como brincar com a forma de contá-las, compartilhar sentimentos e sensações com outras pessoas, enriquecer e invadir o interior de muitas pessoas por meio de uma criação desenvolvida e realizada em grupo. As chances que tive de participar de comerciais de TV e depois como figurante de filmes e seriados me mostraram que aquele ambiente de set era do que eu desejava fazer parte. Uma atmosfera colaborativa, na qual eu pudesse me tornar mais e não menos humana ao realizar meu trabalho.

Acontece que com o passar do tempo, muitas opiniões que eu tinha mudaram. Pode ser que minha bolha de mundo cor-de-rosa tenha se quebrado e me mostrado que a realidade de um trabalho, carreira ou objetivos profissionais precisa de menos doçura do que eu estava esperando encontrar. Só sei que a minha insatisfação comigo mesma foi crescendo à medida que eu entendia que precisava mudar a minha escolha inicial, pois ela não se mostrava como realizável, muito menos sustentável diante de muito do que eu desejava para a minha vida. Falei da minha mudança de escolha profissional em outro post, aqui.

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Imagem: pexels.com

E, enfim, parece que depois de ter ficado em paz com a mudança, tudo começou a fluir harmonicamente de novo. Os estudos indo bem, cada vez mais me interessando por aprender coisas novas e me inteirar do que seriam possíveis carreiras para buscar uma vida que me faria profissionalmente feliz sem que eu deixasse de ser a boa pessoa que quero ser. Mas um pequeno receio dentro de mim não deixava de existir, será que eu conseguiria um emprego algum dia que me proporcionasse satisfação? O que era a sensação de fazer o que se gosta e ao mesmo tempo chegar onde se deseja? É possível continuar a sermos nós mesmos – ainda e principalmente em meio a agressividade do mundo corporativo? Eu achava que iria descobrir a resposta para esta pergunta em bons cinco anos, se não demorasse mais…

Eis que no meio de tudo isso surge uma oportunidade. Numa conversa informal com uma amiga, fiquei sabendo que ela estava largando o emprego para trabalhar com consultoria de marketing. Isso significava projetos diversos, bastante trabalho, porém com mais flexibilidade para estar mais tempo em casa com sua filha e uma carga imensa de aprendizado. Fiquei feliz por ela e apoiei a decisão que ela tomou. Por alguns dias, fiquei pensando se isso acontecesse comigo, que alegria seria. Pronto, o meu objetivo para quando tivesse me formado e construído uma carreira com bastante experiência seria buscar algo assim, flexível, dinâmico e cheio de desafios. Ofereci ajuda a ela, já que eu estava apenas estudando e querendo aprender sobre o que fosse que ela fizesse. Ela agradeceu e disse que iria conversar com seu sócio.

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Imagem: pexels.com

Passadas algumas semanas, enviei um email para lembrar que eu estava à disposição e que tinha vontade de fazer algo para ajudar com o que eles precisassem. Poucos dias depois desse email, ela me manda uma mensagem perguntando se eu podia almoçar com ela e seu sócio, pois ele queria me conhecer. Desde esse dia parece que minha vida virou de cabeça para baixo, mas eu continuo respirando normalmente e o sangue continua circulando como esperado em minhas veias. Quero dizer que ganhei um imenso presente em forma de uma semana de teste que, se desse certo, poderia virar um estágio pago. Hoje, neste estágio,  existe a chance de ser contratada e vejo que meus chefes investem em mim planejando para a minha vida exatamente o que eu busco: criar asas e ter independência.

A conclusão deste texto e as respostas para todas as minhas dúvidas estão claramente estampadas na minha testa durante as últimas semanas. Existe sim maneira de ser você e poder acrescentar à vida de outras pessoas, realizar um trabalho bem feito e continuar tendo boa vontade dentro do ambiente profissional assim como na vida pessoal. A sensação de fazer parte de um time que te olha nos olhos e oferece lições de boa vontade, colaboração, confiança, empreendedorismo e tantas outras coisas é renovadora! Busque o que você deseja, pense sobre o que é isso e peça. Entregue-se a cada oportunidade de aprendizado que aparecer e invente aquelas que ainda não apareceram, porque quando você deseja algo de verdade, as coisas encontram um caminho até você.